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Scientific Studies

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Quotes

“A maior parte do conhecimento do mundo é uma construção imaginária.”—Helen Keller
"Uma pessoa não adivinha a forma como a natureza funciona, ela mostra métodos que confundem a nossa ciência, e é apenas através do seu estudo cuidadoso que nós podemos ter sucesso a desvendar alguns dos seus mistérios."-- François Huber, New Observations on Bees Volume II
“Vai ser prontamente apreciado que ao longo de muitos anos e contato diário com as abelhas, o apicultor profissional vai através da necessidade ganhar um conhecimento e uma compreensão sobre as misteriosas formas da abelha melífera, usualmente negada ao cientista no laboratório e ao amador que tenha na sua posse poucas colónias. Certamente, uma experiência prática limitada vai inevitavelmente levar a visualizações e conclusões, que muitas vezes estão completamente em desacordo com as descobertas da natureza prática e variada. O apicultor profissional está sempre obrigado a avaliar as coisas de forma realística e a ter uma mente aberta em relação a todo o problema que possa ser confrontado. Ele também é forçado a basear os seus métodos de gestão em resultados concretos e deve diferenciar nitidamente entre os essenciais e os não essenciais.”—Beekeeping at Buckfast Abbey, Brother Adam
“Use apenas aquilo que funciona e leve isso de qualquer lugar onde você encontrou.”—Bruce Lee
“Eu nunca aprendi nada com um homem que concordou comigo.”— Robert A. Heinlein
"Não se adivinham os caminhos da natureza, ela estabelece métodos que confundem nossa ciência, e é apenas estudando-a cuidadosamente para que possamos ter sucesso em desvendar alguns de seus mistérios." - Francis Huber, Novas Observações sobre as Abelhas, Volume II

Eu adoro estudos científicos. Eu tenho lido muitos deles sobre variados assuntos de uma ponta à outra. Há muito que aprender com eles. Apesar de eu frequentemente discordar das conclusões a que os pesquisadores chegaram.

"Post hoc ergo proptor hoc" (Depois disto portanto por causa disto) é o erro primário na lógica e é uma armadilha onde caem humanos e animais de forma idêntica. A tentação grande deste erro é que Post hoc ergo proptor hoc é uma boa base para uma teoria. O erro não é usá-la para uma teoria mas sim usá-la como prova.

Vamos examinar o erro disto, primeiro. Cada manhã na minha casa, após os galos cantarem, o sol nasce. Será que isto significa que os galos são a causa do sol nascer? Por nós não conseguirmos ver qualquer mecanismo para os ligar para além da sequência de eventos, a maioria de nós pode assumir que os galos não são a causa.

Cada cultura que eu conheço tem contos populares e/ou piadas para gozar com este erro. Uma dessas na nossa cultura é “puxe o meu dedo”. Porque você puxa o dedo e imediatamente após fazer isso algo acontece, o seu cérebro faz a ligação e por um segundo você é vítima deste erro. Depois após um segundo ou dois o seu cérebro desvenda o processo, descobre que a ligação é absurda e você ri. Os Africanos contam muitas vezes a história de que “os galos causam o nascer do sol” e os Lakota contam isso enquanto os cavalos relincham. Os antropólogos mais tolos muitas vezes tomam nota destas histórias como se as pessoas que as contam acreditassem na ligação delas, mas a minha experiência com culturas primitivas é de que eles contam estas histórias para ensinar o erro contido nessa forma de pensar. É claro que eles observam para ver se os antropólogos acreditam na conclusão tonta e após os verem a escrever de forma diligente sem sequer fazerem um comentário, ou tendo um riso escondido, os nativos abanam a cabeça à sua tolice.

Eu já fiz coisas enquanto conduzia que foram imediatamente seguidas por algum barulho. A minha conclusão inicial é que eu causei o ruído e eu pergunto-me o que será que fiz. Após tentar mais algumas vezes e o ruído não ocorreu de seguida, eu descobri que foi um dos meus filhos que fez o ruído. Foi uma mera coincidência que as coisas aconteceram de forma simultânea.

Qualquer “prova estatística” realmente não constitui uma prova. Enquanto eu recolho uma amostra cada vez maior torna-se cada vez mais provável que o que eu estou a ver de forma estatística é uma ligação verdadeira e não uma coincidência, mas nunca constitui prova analítica. A menos que eu tenha o mecanismo e possa provar que esse mecanismo é a causa, de alguma forma para além da simples estatística, então eu só tenho uma probabilidade crescente.

Eu posso provar isto a alguém que entenda a probabilidade básica. Qual a probabilidade de eu lançar uma moeda e a face que fica para cima é cara? 50/50. Então eu lanço a moeda e sai cara. Qual a probabilidade de eu lançar a moeda de novo e sair mais uma vez a cara? 50/50 tal como anteriormente. Então eu lanço-a e sai cara. Eu pessoalmente já lancei uma moeda 27 vezes seguidas e saiu sempre cara. Será que isto prova que a probabilidade não é de 50/50? Não, provou apenas que a minha amostra é pequena demais para ser estatisticamente valida. Quantas vezes terei eu de lançar a moeda antes que os meus resultados sejam um facto absoluto? Não importa quantas vezes eu o faça, eu apenas me aproximo cada vez mais da resposta certa. Não é uma questão de prova absoluta mas uma questão de acumulação de uma amostra suficientemente grande. Quanto maior a amostra mais perto eu estarei da resposta, mas é como o velho problema matemático de ir a meio caminho e restar metade do caminho e depois metade disso e assim sucessivamente. Quando chegarei ao fim? Nunca. Eu apenas posso aproximar-me cada vez mais.

Isto foi apenas para tentar provar que lançar uma moeda tem probabilidade de 50/50. O ciclo de vida de qualquer organismo é infinitamente mais complexo do que lançar uma moeda e é afetado por mais coisas do que nós sabemos. Se eu faço alguma coisa e obtenho um certo resultado quantas vezes serão necessárias para provar de forma absoluta que o que eu fiz contribuiu para esse resultado? Se eu tenho uma amostra muito grande e eu tenho uma probabilidade de sucesso muito grande comparado com um grupo de controlo muito grande que tem uma probabilidade de sucesso muito pequena, é muito provável que a minha teoria esteja correta. Quanto menor a amostra, menor a diferença na taxa de sucesso e outras variáveis que podem contribuir mais para o sucesso ou insucesso, ou ainda pior, quanto mais distorcidas as variáveis estão a favor de qualquer dos grupos, menos válidos serão os meus resultados.

"...uma rosa não é necessariamente e irrestritamente uma rosa... é um sistema muito diferente biomecânicamente ao meio-dia e à meia-noite."—Colin Pittendrigh

O outro problema com o tempo que dura um estudo é que as abelhas fazem uma coisa em Maio e não será o mesmo que fazem em Outubro.

"The least movement is of importance to all nature. The entire ocean is affected by a pebble." --Blaise Pascal

Isto tudo assumindo a falta de preconceito por parte do pesquisador. Tal como um dos meus professores (ele era um carpinteiro com muita sabedoria, não era professor) uma vez disse, “toda a gente pensa que a sua ideia é melhor porque pensaram nela”. Isto parece obvio de forma intuitiva, mas é importante. Eu tenho um preconceito natural às minhas ideias pois elas encaixam na minha forma de pensar. Se elas não o fizessem, eu não tinha pensado nelas! Isto é a razão pela qual na comunidade científica é importante conseguir repetir os resultados. A repetição é um bom teste, especialmente se alguém diferente está a fazer o segundo ou terceiro estudo sem ser quem fez o primeiro. Isto pode eliminar algum do preconceito e pode também mudar algumas das outras variáveis não medidas ou não levadas em conta.

O segundo problema com a pesquisa é a motivação que levou a fazê-la. A motivação para fazer uma pesquisa é quase sempre (mas não sempre) o ganho pessoal. Algumas pessoas verdadeiramente altruístas têm um amor por alguma criatura companheira, ou por humanos companheiros e estão na verdade envolvidos porque querem reduzir o sofrimento ou resolver o problema de alguém. Infelizmente estas pessoas não estão bem financiadas e a sua pesquisa não é usualmente bem recebida. Eu não estou a dizer que cada pesquisador tem preconceitos na sua consciência, mas mesmo um professor de universidade sem qualquer participação no resultado precisa de fazer publicações científicas de vez em quando.

Muita pesquisa é financiada e tem o preconceito de alguma entidade que tem na sua agenda a prova da sua solução e essa solução tem de ter valor no mercado e ser vendida, de preferência com uma patente e direitos autorais ou outra proteção qualquer para dar a essa entidade o monopólio. Quando não há lucro em algo não há dinheiro para pesquisar soluções simples para tal problema.

Eu tenho a certeza que algumas pessoas vão estar em desacordo comigo, mas eu penso que algumas entidades, tais como o DAEU, têm a sua própria agenda que tem sido revelada observando-o ao longo do tempo. A grande agenda de qualquer departamento do governo é obter mais dinheiro, mais poder e tentar dar a aparência que estão a servir o propósito para o qual foi criado. No caso do DAEU, é óbvio que está a favorecer as soluções químicas em relação às soluções naturais. Favorece qualquer coisa que aparenta ajudar o agronegócio. Isto não significa apenas o pequeno agricultor/apicultor, etc. Mas todo o agronegócio. Eles parecem gostar de ver o dinheiro a mudar de mãos porque isso ajuda a economia.

Apenas porque foi feita pesquisa em relação a um assunto e os pesquisadores chegaram a uma conclusão não significa que essa conclusão seja verdadeira.

Agora, enquanto falamos sobre factos, vamos falar sobre uma das razões pela qual as pessoas não gostam da ciência e preferem as suas próprias opiniões. Eu já falei de uma, a de gostarmos das nossas próprias ideias porque encaixam na nossa forma de pensar, mas a outra é que as pessoas apreciam dizer que algo não foi provado cientificamente como se isso significasse que não é verdade apenas porque não foi provado. Porque eu não provei algo não faz com que esse algo seja falso.

Em 1847 Dr. Ignaz Philipp Semmelwis instituiu a prática de lavar as mãos antes de fazer partos. Ele chegou a essa conclusão simplesmente através da evidência estatística que as mães e bebés que eram cuidados por médicos que levavavam as mãos antes tinham menos mortalidade que dos médicos não lavavam as mãos antes. Isto era Post hoc ergo proptor hoc — os médicos passaram a lavar as mãos e menos mães e menos bebés morreram. Isto não é prova científica e assim os seus colegas não consideraram isso uma prova científica. Porquê? Porque ele não podia mostrar o mecanismo que explicasse isso nem uma experiência que provasse a existência de tal mecanismo. Porque ele era proponente de algo, ele não podia provar absolutamente, ele foi expulso da comunidade médica como um charlatão. Isto é um exemplo de algo que não era provado cientificamente.

Em 1850 quando Louis Pasteur e Robert Koch criaram a ciência da microbiologia e a “teoria dos germes” das doenças, a teoria do Dr. Semmelwis foi finalmente provada cientificamente. Agora existia o mecanismo e eles puderam criar experiências que provaram a existência desse mecanismo. O meu ponto de vista é que era verdade antes de eles provarem isso e é verdade após eles provarem isso. A verdade não mudou porque eles provaram isso. Havia, antes desta prova, evidência que levaria à prática de lavar as mãos, mas não uma prova.

Nós vivemos as nossas vidas e fazemos decisões frequentes baseado na nossa visão do mundo. Esta visão não é verdadeira, mas é baseada na nossa experiência e na nossa aprendizagem. Por vezes alguma coisa aparece e muda essa visão e nós aceitamos porque a evidência é suficientemente forte. Ignorar a evidência que encaixa no padrão do que vemos em volta de nós porque não está provado é insensato. Para nos segurarmos de forma ignorante às coisas que estão provadas não serem verdade é também insensato. Mas apenas porque a maioria das pessoas acredita que algo está provado não significa que está mesmo provado. Apenas porque a maioria das pessoas acredita que algo é verdade não faz com que esse algo seja verdade.

Eu diria, leia a pesquisa de forma cética. Olhe para os métodos usados. Pense nos assuntos relacionados que eles podem ter negligenciado. Preste atenção a qualquer coisa que possa ter afetado a população que eles estudaram ou a população do grupo de controlo. Veja se o estudo foi ou não duplicado e se os resultados foram similares ou contrários. Qual foi o tamanho da população? Quais foram as diferenças no sucesso? Se apenas houve uma diferença pequena pode não ser estatisticamente importante. Mesmo se há uma grande diferença, foi duplicado mantendo essa grande diferença? Também quais são os preconceitos das pessoas que fizeram a pesquisa?

Não Provado Cientificamente.

De volta a isto. Eu oiço frequentemente isto citado como se provasse que algo não é verdadeiro: “não foi provado cientificamente” ou alguma variação. Isto é frequentemente citado como se a falta de prova de algo significa que está errado. Aparentemente eles não têm prestado muita atenção há história. O que é “conhecido” hoje e o que “não está provado” hoje muda dia a dia. Um “facto conhecido” hoje amanhã é “tolice”. Uma “tolice” hoje é amanhã “facto conhecido”. Eu descobri que é mais útil fazer as minhas próprias observações e chegar às minhas próprias conclusões. Mas vamos tentar um pequeno vislumbre da história e “esperar pela prova científica”:

1604 “A Counterblaste to Tobacco” foi escrito pelo Rei James I da Inglaterra e ele queixa-se acerca do fumo que de forma passiva afeta as pessoas e avisa sobre os perigos para os pulmões. No entanto, é claro, não há base científica para as suas crenças.

1623-1640 Murad IV, sultão do Império Otomano tenta banir o tabaco reivindicando que é uma ameaça para a saúde pública. No entanto, é claro, não há base científica. Apenas a sua observação.

1798 Médico (e signatário da Declaração de Independência) Benjamin Rush reivindica que o uso do tabaco tem um impacto negativo na saúde da pessoa, incluindo que causa cancro baseando-se meramente na sua própria observação e, é claro, nenhum estudo científico suporta essa teoria.

1929 Fritz Lickint de Dresden, Alemanha, publicou um documento formal que mostra evidência estatística de uma ligação entre o cancro e o tabaco mas é claro que isto é apenas uma correlação estatística e não é considerado prova cientifica pois é meramente “post hoc ergo proptor hoc”.

1948 O fisiólogo Inglês Richard Doll publicou os primeiros estudos principais que “provaram” que fumar pode causar danos sérios à saúde. É claro que a indústria do tabaco insistiu que isso não era prova através do “método científico” porque não foi mostrado o mecanismo de como isso acontece.

1950 O “Journal of the American Medical Association” publica o seu estudo principal onde liga definitivamente o ato de fumar com o cancro do pulmão. É, claro, apenas uma ligação estatística mas é um número estatisticamente significante.

1953 Dr. Ernst L. Wynder descobre a primeira ligação biológica definitiva entre fumar e o cancro.

1957 O Cirurgião Geral Leroy E. Burney publica “Joint Report of Study Group on Smoking and Health,” a primeira afirmação oficial sobre fumar pelo “Public Health Service”.

1965 O Congresso aprova o “Federal Cigarette Labeling and Advertising Act” que requer a colocação de avisos nos pacotes de cigarros com textos escolhidos pelos cirurgiões gerais.

Em que ponto você pararia de fumar?

Diferenças nas observações no geral e como exemplo, diferenças nas observações do tamanho dos alvéolos.

“Contradição não é um sinal de falsidade, nem a falta de contradição um sinal de verdade.” — Blaise Pascal
“As pessoas ficam usualmente mais convencidas por razões que descobriram elas mesmas do que por razões descobertas por outras.”— Blaise Pascal

Eu fico sempre um pouco maravilhado e divertido quando toda a gente parece pensar sempre que em qualquer assunto uma pessoa está errada e a outra certa. Especialmente quando essa diferença é baseada nas observações de cada pessoa e mais especialmente quando está relacionado com algo tão complexo como as abelhas. Eu ficaria muito mais surpreendido se as observações de todos estivessem sempre de acordo.

As abelhas são animais complexos e o que elas fazem depende não apenas das próprias abelhas mas também no estado de desenvolvimento das próprias abelhas, o estado de desenvolvimento do enxame, a parte da época do ano e o estado de desenvolvimento da vegetação. Em outras palavras, em quase tudo relacionado com a apicultura os resultados de quase qualquer medição ou qualquer manipulação vai depender de tudo o resto. Poderão existir algumas generalizações que você pode fazer mas é surpreendente a quantidade de vezes que você pensa que tem algo que é mesmo certo mas isso não se vai aplicar a circunstâncias diferentes. O que acontece no crescimento primaveril, um fluxo de néctar, uma redução de outono, uma falta de pastagem, uma colmeia com criação, sem criação, com rainha poedeira, rainha virgem, sem rainha, etc. Varia bastante. Eu não estou a dizer que posso explicar qualquer diferença na minha observação, mas eu não tenho dúvidas que as pessoas envolvidas não têm motivação para me mentir nesses assuntos.

É claro que se nós queremos comparar as observações precisamos de tentar equilibrar algumas destas coisas como também ter a certeza que estamos a medir a mesma coisa. Por exemplo, se estamos a medir o tamanho dos alvéolos, estaremos nós a fazer a média a qualquer coisa mais pequena que o alvéolo de zangão? Ou estamos a fazer média a qualquer coisa que tem mesmo criação lá dentro? Ou estamos apenas a medir o centro do ninho? Estamos a tentar estabelecer um intervalo? Ou a média? Estamos a fazer as medições da mesma maneira, i.e. estamos a medir através dos planos ou entre os pontos? Mas mesmo assim nós teremos diferenças nas observações.

No caso do tamanho dos alvéolos em favo natural nós temos as observações da Dee Lusby que o alvéolo de obreira é muito uniforme em tamanho, e as observações do Dennis Murrel que as abelhas seguem um padrão de alvéolos pequenos no centro e maiores nas pontas, com os maiores ao longo do topo. Nós temos as minhas observações, que são similares, mas não idênticas às do Dennis. Nós temos o que o Tom Seeley diz:

“A organização básica do ninho é armazenamento de mel por cima, criação por baixo, e armazenamento de pólen no meio. Associadas a esta disposição existem diferenças na estrutura do favo. Comparando a favos usados para armazenamento de mel, os favos de criação são geralmente mais escuros e mais uniformes na largura e na forma dos alvéolos. O favo de zangão está localizado na periferia do ninho.” Seeley,T., Morse,R., The nest of the honey bee (Apis mellifera L.. Insectes Sociaux, 23, 4, 1976, 495-512

Isto parece muito similar às observações do Dennis e às minhas, que há alvéolos para guardar mel e que eles não são os mesmos da criação.

Langstroth disse:

“O tamanho dos alvéolos nos quais as obreiras são criadas nunca varia”

Será que isto significa que a Dee está enganada? Estará a ser desonesta? Eu penso que não. Eu fui até ao Arizona e olhei para favo de enxames ferozes removidos que ela fez com as abelhas ainda no favo, favo colocado em quadros de remoção de enxames e os tamanhos são muito uniformes. Então porque é que os dela são diferentes? Não faço ideia. Mas o meu ponto de vista é que ela está a reportar de forma precisa o que vê. O Dennis tem feito, no passado, fotografias e mapas das medições e o tamanho dos alvéolos no seu sítio da internet, então ou ele é um perito a criar fotografias ou está a partilhar honestamente o que vê. Uma vez que é mais similar ao que eu vejo, uma vez que eu o conheço e ele é um tipo simples, eu acredito que é apenas o que ele vê. Eu pedi a pessoas que removem enxames, sempre, para reportar o que eles encontram no que respeita ao tamanho do alvéolo e nós conseguimos ver alvéolos muito perto dos 5.2mm e alvéolos muito perto dos 4.9mm. Estará um deles mal e um deles certo? Eu penso que não. Eu penso que eles estão apenas a reportar o que encontram.

No que respeita à variação do tamanho do alvéolo:

“...uma gama contínua de comportamentos e medições de tamanho de alvéolos foi registada entre colónias consideradas “fortemente Europeias” e “fortemente Africanizadas”. “
“Devido ao alto grau de variação dentro e entre populações ferozes e geridas de abelhas Africanizadas, é enfatizado que a solução mais efetiva para o “problema” da abelha Africanizada, em áreas onde as abelhas Africanizadas estabeleceram populações permanentes, é selecionar de forma consistente pelas colónias mais mansas e produtivas entre a população existente de abelhas melíferas”—Marla Spivak —Identification and relative success of Africanized and European honey bees in Costa Rica. Spivak, M—Do measurements of worker cell size reliably distinguish Africanized from European honey bees (Apis mellifera L.)?. Spivak, M; Erickson, E.H., Jr.

Identification and relative success of Africanized and European honey bees in Costa Rica. Spivak, M

Do measurements of worker cell size reliably distinguish Africanized from European honey bees (Apis mellifera L.)?. Spivak, M; Erickson, E.H., Jr.

Descontando os estudos científicos

“É como os nossos julgamentos e como os nossos relógios, nenhum é igual, no entanto cada um acredita no seu próprio.” — Alexander Pope
“Quando nós queremos corrigir com vantagem e mostrar a outra pessoa que está errada, nós devemos notar qual o lado que essa pessoa vê o assunto, pois por esse lado é usualmente verdade, e admitir que é verdade para ela, mas revelar para ela o lado no qual é falso. Ela fica satisfeita com isso, pois ela vê que não estava enganada e que apenas não viu ambos os lados. Agora, ninguém fica ofendido por não ver tudo; mas uma pessoa não gosta de estar enganada, mas talvez tem origem no facto de que o Homem naturalmente não consegue ver tudo, e que naturalmente ele não consegue errar no lado em que olha, uma vez que as perceções dos nossos sentidos são sempre verdadeiras.” — Blaise Pascal
“Há algo fascinante acerca da ciência. Uma pessoa obtém um retorno por grosso na conjuntura de tal investimento insignificante de facto.”—Mark Twain

Parece haver muita gente que acusa as pessoas de simplesmente tentarem retirar valor a um estudo porque não concordam com ele. Talvez para alguém que não fez nada relacionado com a tentativa de medir a coisa que estava no estudo, isto poderá ser uma acusação válida. No entanto, eu descobri que todos fazem isto quando o estudo está em desacordo com as suas experiências pessoais. Tal como deveriam!

Mesmo as pessoas “com pensamento científico” entre nós parecem retirar valor a mais estudos do que os estudos que aceitam em qualquer argumento que apareça. Elas pensam que a conclusão foi injustificável, ou os números foram insignificantes ou a experiência foi mal projetada, a maior retira valor a qualquer estudo onde os resultados sejam contrários às suas próprias experiências. O facto é que a sua própria experiência foi no contexto da sua atual aplicação (i.e. o seu clima, o seu apiário, a sua raça de abelhas, o seu sistema de apicultura) onde o estudo foi uma tentativa de controlar tudo o que foi possível e provavelmente foi feito num clima diferente do seu ou outra circunstância diferente da sua. Então a sua honesta e sincera resposta a isto é tentar encontrar essa diferença e apontá-la de forma a explicar as diferenças nos resultados.

Se alguém tem prestado qualquer atenção aos estudos científicos feitos nos últimos anos, muito menos aos das últimas décadas, muito menos aos dos últimos séculos, você vai ver muitas vezes que os resultados vacilam entre duas conclusões opostas a cada dois anos ou algo similar. Quantas medicações já foram provadas como seguras num estudo científico apenas para depois serem retiradas do mercado após menos de um ano de uso? Quantas vezes foi a cafeína provada como segura para si, má para si e boa para si de novo? Ou o chocolate? Alguém se lembra quando os médicos quase de forma uniforme aconselhavam contra o seu consumo? Agora é considerado um antioxidante que, de acordo com um estudo científico na Holanda, vai reduzir para metade a probabilidade de morte de um homem adulto com mais de 50 anos.

Apenas um tolo segue os resultados dos estudos científicos sem os questionar. A pessoa prudente compara-os com a sua experiência e senso comum.

Visão Geral

Uma vez que a Visão Geral tem muito a ver com isto, eu partilho um pouco mais sobre a minha visão geral do mundo.

Eu penso que o mundo é demasiado complexo para alguém alguma vez o entender. É por isso que nós criamos a nossa própria “visão geral do mundo”. Dá-nos uma estrutura básica onde podemos fazer decisões e resolver problemas. Nenhum de nós pode compreender tudo completamente, então todos nós temos, pelo menos uma visão geral do mundo muito incompleta e no pior caso bastante errónea.

Empírica contra Estatística

Eu estou muito a favor do “método científico”. Especialmente quando é mesmo seguido. Houve um tempo no “mundo científico” que qualquer coisa menor do que a verdade empírica era ignorada. Mas, parcialmente porque o que foi mencionado anteriormente, onde médicos embaraçados expulsaram um médico brilhante por propor algo baseado em evidência estatística (lavar as mãos antes de fazer partos ou executar uma cirurgia), a tendência corrente na ciência e medicina é dar mesmo algum crédito à evidência estatística. Por vezes a um tal grau que não é inteiramente razoável.

Tal como eu mencionei no exemplo do “lançamento da moeda”, por vezes a estatística que nós reunimos está distorcida simplesmente pelo acaso. Por vezes os resultados estão distorcidos por outros fatores também. É uma das razões pela qual os cientistas no passado descontaram o valor da evidência estatística e insistiam na evidência empírica.

No caso de alguns problemas estatísticos, a amostra é grande (por vezes um país inteiro ou continente), a média dos outros fatores está bem-feita e as diferenças nos resultados são grandes. Por exemplo, as mulheres que fumam têm doze vezes maior probabilidade de morrer de cancro do pulmão do que as mulheres que não fumam. Isto não é um número insignificante. Se fosse o dobro da probabilidade seria algo significante, mas doze vezes mais é muito significante. Quando estes números são provenientes de uma amostra muito grande torna-se ainda mais significante.

Por outro lado isto não é evidência empírica. Se tudo o que nós fizéssemos fosse obter as estatísticas teríamos então apenas situações de “post hoc ergo proptor hoc”. Mesmo assim é demasiado grande para ser ignorado. Mas depois há estudos em como os constituintes do fumo do tabaco causam mudanças celulares e eventualmente cancro. Este estudo tem mais evidência empírica pelo facto de que nós podemos expor células às substâncias do tabaco e podemos ver as mudanças. E nós temos estudado isso ao ponto de saber como alguns desses químicos causam algumas dessas mudanças.

Não há tempo na minha vida para fazer experiências extensivas como nos estudos sobre o cancro em todos os aspetos de tudo que eu estou envolvido. De facto nem deve haver tempo para ler cada estudo que já foi feito. O que eu (e toda a gente) tem feito enquanto processo as experiências que já tive, é procurar por padrões. Os padrões são a razão que nos leva aos caminhos da experimentação. Eles são o motivo pelo qual um cientista chega a uma teoria. Nós observamos um padrão de que isto é a forma geral em que a maioria das coisas funciona e chegamos a uma teoria baseada na continuação do padrão até ao assunto que estamos a estudar. Por vezes a diferença entre uma forma de fazer as coisas e outra forma é de tal forma insignificante que não merece demasiado trabalho e investigação. Por vezes, especialmente quando aparecem dificuldades, vale a pena tentar descobrir a causa dessas dificuldades. Este é o tempo de estudar algo e aplicar os métodos científicos para descobrir a solução.

Vamos tentar isto através de uma simples visão pessoal. Se eu tocar em algum metal incandescente a ferver e o meu dedo dói e fica com uma bolha, será que a evidência empírica indica que tocar em metal incandescente a ferver queima o meu dedo? Se tudo o que eu sei é “Eu toquei naquele metal e o meu dedo dói” então não, ela não indica isso. Mas eu tenho algumas outras coisas em consideração. Uma é que eu sei um pouco sobre metais. Eu sei que foi aquecido e sei que podia sentir o calor a emanar dele. Também sei que quando aplico calor a outras coisas elas entram em combustão ou derretem ou ficam danificadas de outras formas. Assim, é razoável para mim acreditar que o metal causou a queimadura porque eu não tenho apenas a ligação cronológica (uma seguiu a outra) mas tenho sim o mecanismo. Eu observei outras coisas a queimarem quando estavam quentes, então é razoável assumir que é o calor (não o metal) que causou a minha dor. Será razoável para mim não tocar de novo no metal quando está quente. Por outro lado, se eu não estou a prestar atenção aos detalhes e cheguei à conclusão errónea que tocar em metal queima o meu dedo e não tenho em atenção o mecanismo (o calor no metal) eu posso passar a minha vida sem voltar a tocar em metais. Isto pode parecer tolice, mas outras situações são muita vez mais complexas que a situação do metal e do dedo, um aspeto significante desta outra situação passa despercebido e nós passamos a vida com uma crença errónea.

Muitas vezes não há tempo suficiente para ser mesmo científico. Quando as suas abelhas estão a morrer, por exemplo, você pode, por desespero, tentar várias coisas ao mesmo tempo e elas podem melhorar. Se você fizer isso, você nunca vai saber com certeza do que ajudou a resolver o problem, se é que algumas dessas coisas fizeram mesmo alguma diferença. Mesmo se você tentar só uma coisa, você na verdade nunca vai saber se fez diferença ou elas recuperavam de qualquer maneira.

Uma mulher que eu conheço gosta de dizer “o método de treinar uma criança a usar o bacio que você tentou, mesmo antes da sua criança o começar a usar, é o método que você jura resultar”. O ponto que ela faz é que a criança começa a usar o bacio com ou sem a sua ajuda, mas você vai dizer que está certo que o seu método foi a causa (“post hoc”). Quando você vai ao médico e recebe medicação apropriada, depois você fica melhor, você vai provavelmente pensar que foi devido à medicação. Estatisticamente houve, com ou sem medicação, uma probabilidade de 99% que você ficaria bom, mas você vai dar crédito ao que fez mesmo antes como a causa da sua recuperação. Reciprocamente se você toma medicação e fica pior vai culpar essa medicação. Estatisticamente isto é mais provável. De acordo com um estudo recente da “National Academy Institute of Medicine”, cada ano mais pessoas morrem de erros médicos do que de acidentes com veículos a motor (43,458), cancro do peito (42,297), ou SIDA (16,516). Então a probabilidade é que tenha sido a medicação. Mas não é um facto conhecido a menos que façamos mais pesquisa. Estes tipos de conclusões simples, não baseadas em suficiente evidência para serem científicas, são muitas vezes as nossas bases porque nós nunca temos tempo, energia ou a oportunidade de fazer uma amostra suficientemente grande para chegar a qualquer conclusão significante. Estas conclusões não são científicas, e por vezes estão erradas, mas muitas vezes elas estão corretas também.

Coisas Naturais

Eu admito ser preconceituoso na direção das coisas que são naturais. Isto não é apenas uma crença fanática sem base, é baseada na minha experiência e observação. É um dos padrões que tenho observado. Ao longo do tempo muitas soluções não naturais para problemas falharem de forma miserável. Por vezes com consequências catastróficas.

Quando eu era jovem, a ciência ia resolver todos os nossos problemas. Curar todas as doenças, dar-nos vacinas para tudo. Ela ia erradicar (será que isto lhe parece familiar?) moscas, mosquitos, ratos e cães da pradaria. Os Humanos tiveram bom sucesso a erradicar ursos e lobos (é claro que não foi a ciência mas sim jovens com 14 nos de idade a receber recompensas pelas orelhas). O resultado deste pensamento foi a pulverização de DDT por todo o lado, envenenamento de ratos de forma extensiva e a quase aniquilação das aves de rapina no continente, sem mencionar todos os predadores dos cães da pradaria. É claro que não houve impacto significativo nas populações de mosquitos, ratos ou moscas. Isto foram apenas alguns dos muitos fiascos “científicos”.

Eu descobri não só que os médicos e cientistas muitas vezes estão equivocados mas também que muitas vezes fazem o oposto do que deveriam fazer. Eu sei que isto vai abrir mais uma “lata de vermes”, mas eu sou um “Lakota Sundancer”. Passo quatro dias e noites sem comida e sem água a dançar do nascer do sol ao pôr-do-sol em tempo que muita vez passa os 37.8ºC, eu já vi muitos casos de exaustão por calor e eu próprio já tive um caso severo disso em duas ocasiões. Isto acontece a pessoas com pele quente e seca, com náuseas, a vomitar e confusas. Há apenas uma cura que eu já vi a funcionar mas nunca a falhar. Isto em pessoas que mesmo assim não bebem nada e se viram e dançam por dois dias mais. Isto são pessoas que param de suar pelo menos um dia antes pois já não têm nada que suar. Se eu levasse alguma destas pessoas a um médico ele imediatamente tentaria arrefecer essa pessoa. Quando você tem uma insolação o seu corpo fica confuso e você não sabe o que fazer. O corpo começa-lhe a aquecer porque não está certo sobre o que fazer. A coisa óbvia e intuitiva a fazer é arrefecer o corpo. Isto falha de forma frequente. Quando os médicos usam o método “do tratamento por arrefecimento” as pessoas morrem de forma frequente. Literalmente centenas de pessoas morrem numa cidade grande quando há uma onda de calor e estas pessoas têm acesso a água, acesso a tratamento médico e os seus corpos têm suficiente humidade para suar. A primeira vez que tive exaustão por causa do calor sentei-me no Rio Niobrara durante algum tempo sem qualquer alívio.

O tratamento que eu nunca vi falhar, é colocar a pessoa num local bem quente e muito húmido. Isto significa que você leva a pessoa para uma pequena cabana com pedras quentes e incandescentes, fecha-a e atira água para cima das pedras, fazendo muito vapor, até ficar tão quente que não consegue estar lá dentro. Os efeitos no corpo são imediatos. Primeiro o corpo imediatamente descobre que está quente. Como pode estar confuso quando o ar está próximo do ponto de ebulição? A segunda coisa que acontece é a pele ficar coberta de condensação. Quando ele aquece, o corpo fica convencido a aceitar o arrefecimento e a água está lá para ajudar nesse processo. Eu penso que nunca verei um estudo científico sobre a eficácia deste tratamento, porque vai contra as opiniões científicas do mundo.

Os Médicos pensam que qualquer coisa que o corpo faça e que eles não querem, basta tentar então forçar o corpo a parar de fazer essa coisa. Eu penso que qualquer coisa que o meu corpo tente fazer eu ajudo-o a fazer até ele decidir parar. Quando eu tenho febre entro numa banheira com água quente, o mais quente que eu conseguir suportar ou vou suar para uma cabana ou sauna. Se o corpo quer ter uma febre eu ajudo-o a ter uma febre. Eu não tomo aspirina ou outra coisa qualquer a menos que a febre persista após suar na cabana ou sauna, que no meu caso, nunca aconteceu.

Seguindo a natureza e trabalhando com ela é a minha maneira de ver o mundo. É baseada nas minhas experiências. É verdade que por vezes as nossas experiências nos levam na direção errada e também nos levam a conclusões erróneas, mas mais frequentemente elas ajudam-nos a aprender sobre os padrões do que nos rodeia.

Paradigmas.

“Todos os modelos estão errados, mas alguns são úteis” —George E.P. Box

Parte do problema com isto tudo é que qualquer modelo está incompleto. Uma nova palavra entrou na nossa linguagem. Já deve estar lá há algum tempo, mas agora está a ser mais usada. Nós programadores de computadores usamos muito essa palavra. É a palavra “paradigma” (pronunciada “para digma” usualmente). Dizendo isto de forma simples, um paradigma é um ponto de vista, um modelo, uma forma simplificada de ver um problema particular que nos permite a sua resolução.

Um exemplo seria a Física Newtoniana. A Física Newtoniana é um conjunto de regras matemáticas que permitem que nós consigamos prever coisas como a trajetória de uma bala, a quantidade de energia num acidente de automóvel ou o movimento dos planetas. Resumindo, soluciona a maioria dos problemas que tenham a ver com movimento e energia a velocidades muito menores que a da luz. É um paradigma útil. É ainda usado diariamente e ensinado no Secundário e Universidade, por causa da sua utilidade.

O problema com isto é que não é verdade. Durante anos foi aceite como uma incontestável verdade, até alguma prova surgir, para contradizer. A prova estava usualmente a nível do átomo, e perto da velocidade da luz, mas era difícil de refutar. Estes problemas a níveis do átomo e à velocidade da luz continuaram sem solução até Einstein, um matemático (que chumbou a matemática na escola), sem grau académico a física, “deitou fora” o paradigma Newtoniano e propôs o paradigma da Relatividade. Isto depois surgiu como verdade (apesar da maioria dos problemas ainda serem mais fáceis de resolver segundo o paradigma Newtoniano e ainda hoje são resolvidos dessa forma) até que outras contradições forçaram outra mudança para um novo paradigma, Física Quântica.

Einstein foi muito criticado por ter “deitado fora” a física Newtoniana. Era aceite como verdade absoluta até ele a ter questionado. Mas ninguém podia resolver estes problemas da velocidade da luz até ele ter “deitado fora” o paradigma velho e ter descoberto um novo que funcionou.

“Ouça sempre os especialistas. Eles dizem-lhe o que não se pode fazer. Depois faça-o.”— Robert A. Heinlein
“O que precisamos descobrir é muitas vezes bloqueado eficazmente pelo que já sabemos.”— Paul Mace

Este método de resolver os problemas é chamado de mudança de paradigma. O maior bloqueio ao próximo paradigma é segurar, com demasiada força, ao anterior.

É este o propósito da mudança de paradigma. Para “deitar fora” (pelo menos de forma temporária) o que já sabemos para que não nos bloqueie do que precisamos descobrir.

O paradigma clássico sobre a nossa relação com o sol é que o sol nasce no Este e põe-se no Oeste. Este paradigma é bastante útil para descobrir em que direção eu estou a andar e em que direção orientar o meu celeiro, casa, colmeia ou tenda. De facto para praticamente tudo o que é terrestre funciona bem. No entanto falha de forma miserável quando se tenta explicar o que acontece no nosso sistema solar.

Para isso nós tentamos depender no paradigma de Galileu, Copérnico, que dizem que o sol é o centro do nosso sistema solar e que está fixo e nós circulamos em volta dele e rodamos. É o facto de rodarmos que causa a ilusão do sol nascer a Este e que se põe a Oeste. É claro que na verdade isso não acontece, e mesmo assim nós muitas vezes dizemos isso como um facto absoluto que o sol nasce a Este. Você vê as coisas do seu ponto de vista, aqui na terra, que isso acontece.

Então será que o modelo clássico de que o sol nasce a Este é verdade? Não. É útil? Sim. Será verdadeiro o modelo de Galileu? Não. O sol não está fixo, ele na verdade anda pelo espaço, mas do ponto de vista do nosso sistema solar parece ser verdade e quando lidamos com coisas apenas dentro do nosso sistema solar é um modelo bastante útil.

A nossa visão do mundo é uma série de paradigmas que nós adotámos. Nós confundimos muitas vezes esta forma geral de ver o mundo e estes paradigmas com a verdade. Mas para que seja verdade teria de ser o próprio universo. O objetivo completo do paradigma é fazer um modelo simples e abstrato. Para isolar os elementos essenciais para fazer uma solução possível de alcançar. Então pela sua natureza um paradigma nunca será completamente verdadeiro, porque a verdade completa é infinita e nós seriamos sobrecarregados.

O perigo dos paradigmas é que são confundidos por nós com a verdade. Eles não o são. Quando o paradigma que temos não funciona é tempo de uma mudança de paradigma. Pedindo emprestada mais uma visão geral do mundo. Faça um a partir do nada, mas esteja disposto a pôr de lado o que não funciona.

Um paradigma (feito de muitos mais pequenos) é a filosofia. É boa para as “Grandes Questões” como “Porque estou aqui?”, “Para onde vou?”, mas não ajuda em nada quando você precisa de arranjar o seu carro.

Outro paradigma no “Método Cientifico”. Bom para ajudar a arranjar o seu carro, inútil para ajudar a criar relações entre pessoas.

Numeração científica em sistemas complexos

Não é assim tão fácil

Eu descobri que todos gostariam de pensar que o que estão a medir é feito de forma científica. Coisas como o peso, temperatura, volume são simples de quantificar e assim parecem muito científicos quando tentamos provar algo de uma forma ou de outra. O problema é que mesmo os sistemas relativamente simples são mais complicados do que uma simples medição. Nós expressamos frequentemente estas coisas mais complexas com frases vagas como “não é pesado, é apenas estranho”. Isto é uma forma de expressar que apesar de sabermos (de um ponto de vista científico) que se colocarmos algo numa balança ela não vai indicar que pesa muito mais que objetos que nós podemos facilmente levantar, este objeto é muito difícil de levantar. Nós sentimos que o peso deve ser traduzido na dificuldade que algo é de levantar, mas nós sabemos que na realidade não é assim.

O peso como exemplo

O peso é apenas um aspeto em como algo é difícil de levantar. Qualquer objeto onde acabamos por ter muito peso longe do nosso corpo é “estranho”. O equilíbrio do peso está contra nós de tal forma que aumenta o esforço nas nossas costas do que o peso que o objeto parece indicar. Isso deve-se à dificuldade que temos em levantar algo ou mover, não é apenas sobre o peso. É sobre o equilíbrio e a vantagem e desvantagem mecânica. É também sobre quão depressa podemos pousar o objeto ou o cuidado que temos em pousar ao objeto.

Eu movo sacos de cereais com 23Kg que posso deixar cair ou posso atirar para um monte, é muito mais fácil do que lidar com caixas de abelhas e mel com 23Kg que têm de ser pousadas suavemente. Também tem a ver com a distância que nos temos de dobrar para pegar nos objetos e para os voltar a colocar em baixo. O peso é apenas um pequeno aspeto de todo o problema.

Uma caixa de oito quadros é muito mais fácil de lidar do que o seu peso poderia indicar. É verdade que pesa menos do que uma caixa de dez quadros em circunstâncias iguais (cheia de mel, com a mesma profundidade, etc.), mas o peso que eliminou foi o dos quadros que ficam mais longe do seu corpo, o que significa que a desvantagem mecânica desses dois quadros era muito maior do que o resto dos quadros. Então olhar para isso a partir de uma simples medição (peso) é enganador. Nós precisamos ter em conta muitas outras coisas. Estas são coisas que provavelmente podem ser quantificadas, mas fazer isso é muito mais complexo. Tentar descobrir “o peso mecânico” (o que significa o peso vezes a vantagem mecânica ou desvantagem) é muito mais complicado do que apenas colocar sobre uma balança para pesar o objeto.

A invernação como outro exemplo

Eu volto a este tema, não só para falar acerca de caixas, mas sobre coisas no geral e sobre outras coisas como a termodinâmica de uma colmeia com enxame em invernação. Eu não vou tentar aqui explicar a resposta para a termodinâmica de uma colmeia com enxame, mas meramente tentar contornar a questão e mostrar que as medições são mais complicadas do que parecem à primeira vista. Vamos ver quantos aspetos significantes da termodinâmica de uma colmeia podemos colocar numa lista:

• Temperatura. Esta é simples. É fácil medir a temperatura colocando um termómetro onde a quer medir. Meça a temperatura em pontos distantes na colmeia, no cacho de abelhas, nos extremos do cacho de abelhas e fora da colmeia. Estes são os “factos” usualmente usados para tentar explicar a termodinâmica de uma colmeia no inverno. Estes factos são um pedaço muito pequeno de toda a imagem.

• Produção de calor. O cacho de abelhas está a produzir calor. Você pode argumentar o dia todo de que elas não aquecem a colmeia, e obviamente não é essa a intenção delas, mas elas produzem calor na colmeia e esse calor dissipa-se dentro da colmeia e, dependendo de outros fatores, para o exterior, com algum rácio. Isto é controlado de forma “termostática” em que as abelhas produzem mais calor com o baixar das temperaturas para compensar a perda de calor, ou baixam a produção de calor caso as temperaturas subam. A temperatura na sua casa é igual com a porta das traseiras aberta ou fechada, mas isso não significa que deixar a porta aberta não interessa. Um ambiente controlado por termóstato pode ser enganador quando nós tentamos medir a temperatura e não temos em conta as perdas de calor.

• Respiração. Há uma mudança na humidade do interior da colmeia causada pelos processos metabólicos das abelhas. Esta água é colocada no ar da colmeia pela respiração das abelhas. É ar quente e húmido. Isto muda a humidade e a humidade muda outros aspetos.

• Humidade. A humidade no ar muda muitos outros aspetos da termodinâmica pois causa um aumento na transferência do calor por convecção, mais calor que é armazenado pelo ar, mais condensação e menos evaporação. Nós expressamos esta diferença quando nos referimos ao tempo da forma “estava calor mas era um calor seco” ou “não estava frio, mas estava húmido”.

• Condensação. A condensação da água liberta calor. Há água a condensar nas paredes frias e na tampa da colmeia durante todo o inverno e isso afeta a temperatura. A condensação é causada por uma diferença de temperatura entre a superfície e o ar que está em contacto com essa superfície. Ocorre quando a humidade do ar está suficientemente alta e quando esse ar arrefece sobre uma superfície, o ar (agora frio) deixa de conseguir suportar essa quantidade de humidade.

• Evaporação. A água que condensou e escorreu nas paredes até ao fundo ou pingou sobre as abelhas evapora. Isto absorve calor enquanto se dá a evaporação. Abelhas molhadas têm de gastar muita energia a evaporar a água que pingou sobre elas. Poças de água no fundo continuam a absorver calor até evaporarem completamente.

• Massa Térmica. A massa de todo o mel da colmeia armazena calor e dissipa esse calor ao longo do tempo. Muda o período de tempo ao longo do qual as mudanças de temperatura ocorrem. Ele armazena muito do calor que está na colmeia. Muito mel frio pode manter uma colmeia fria mesmo se o ar estiver quente fora da colmeia. Muito mel quente pode manter uma colmeia quente mesmo quando está frio fora da colmeia. Ele modera os efeitos das mudanças de temperatura armazenando e perdendo calor. Isto está mais relacionado com a quantidade de calor no sistema do que com a temperatura. Uma grande massa com temperatura moderada pode na verdade armazenar mais calor do que uma pequena massa com temperatura mais alta.

• Troca de Ar. Eu separei isto da convecção, apesar de a convecção estar envolvida, porque eu estou a diferenciar uma troca de ar com o exterior em oposição à convecção que acontece dentro da colmeia. O ar exterior que entra na colmeia é essencial para as abelhas terem oxigénio suficiente para o seu metabolismo aeróbico, mas quanto mais for mais afeta as temperaturas na colmeia. Se isto for minimizado durante o inverno, a temperatura na colmeia vai exceder a temperatura exterior. Se for minimizado demais as abelhas vão sufocar. Se for demasiado maximizado as abelhas terão de trabalhar muito mais para manter o calor do cacho de abelhas. Mesmo se você aumentasse isto gradualmente ao ponto das temperaturas interiores e exteriores serem iguais, uma maior troca de ar a partir desse ponto não mudaria as temperaturas, por dentro, por fora ou no cacho de abelhas mas causaria uma maior perda de calor do cacho de abelhas e assim as abelhas têm de gerar mais calor para compensar. Se você depende da medição da temperatura você não vai ver esta diferença.

• Convecção dentro da colmeia. A convecção é a forma com que um objeto com alguma massa térmica e dessa forma calor cinético perde o seu calor para o ar. O ar na superfície retira ou fornece calor (depende da direção da diferença de calor) e se o ar aquece ele sobe trazendo mais ar frio para o substituir. Se ele arrefece desce trazendo mais ar quente para o substituir. Coisas que bloqueiam o ar ou dividem em camadas vão ajudar a aquecer. É dessa forma que cobertores e coberturas funcionam. Eles criam “espaço morto” onde o ar não se consegue mover de forma tão fácil. As garrafas térmicas de vácuo funcionam usando o princípio que se não há ar, o calor não pode ser retirado por convecção. Quanto mais espaço livre há numa colmeia, mais convecção acontecerá. Quanto mais você limita as coisas por camadas menos convecção acontecerá. Nós por vezes referimos um excesso de convecção nas nossas casas da forma “estavam 21 graus na casa mas havia correntes de ar”.

• Condução. Condução é a forma como o calor se move através de um objeto. Pense na parede de fora de uma colmeia. À noite se está mais fria do lado de fora, absorve calor do interior que vem por convecção (ar mais quente contra a superfície) e calor por radiação (calor que irradia do cacho de abelhas) e esse calor aquece a madeira. O rácio a que esse calor se move através da madeira para o exterior é a sua condutividade. O calor é conduzido para o exterior onde a convecção o leva para longe da superfície. Num dia de sol do lado Sul, o sol vai aquecer a parede, o calor vai mover-se por condução através da parede para dentro da colmeia onde a convecção vai transferir esse calor para o ar da colmeia. Colmeias com Isolamento ou Isopor reduzem essa condução.

• Radiação. Radiação é o processo no qual a energia é emitida por um corpo, transmitida através de um meio ou espaço sem alterar significativamente a temperatura desse meio, e é absorvida por outro corpo. Uma lâmpada de calor ou o calor de uma fogueira são exemplos tangíveis disto. No caso de um enxame a invernar numa colmeia as duas fontes principais de calor irradiante são o cacho de abelhas e o sol. Durante um dia de sol o calor irradiante do sol atinge as paredes da colmeia e torna-se em calor cinético e é transferido por condução para o interior da colmeia. O calor irradiante do cacho de abelhas atinge os favos de mel em sua volta e as paredes, prancheta e fundo. Algum dele é absorvido pelo mel e paredes e algum é refletido de volta. A quantidade depende da proximidade do cacho de abelhas e quão refletiva é a superfície. Experiência na vida real com calor irradiante seria estar ao sol num dia frio ou colocando um termómetro ao sol e obtendo uma leitura muito diferente do que um termómetro colocado na sombra.

• Diferenças de Temperatura. A diferença nas temperaturas entre o cacho de abelhas e o exterior é um fator significante. Se as suas temperaturas no inverno são em média 0ºC e as mais baixas são raramente -18ºC, a significância de algumas destas coisas pode ser mínima. Por outro lado se os seus invernos têm frequentemente temperaturas abaixo de zero, -29ºC a -40ºC, durante longos períodos de tempo então estes assuntos são muito mais significantes.

A questão real é: “Como é que todos estes fatores interagem numa colmeia com enxame a invernar?”.

Uma pista para entender parte disto é observar as abelhas. Elas ajustam-se baseando-se no que estão a sentir no que respeita à perda de calor, em vez do que diz no termómetro. O cacho de abelhas é atraído para o local onde as abelhas perdem menos calor. Isto deve ser uma pista para nós acerca de onde e como elas estão a perder calor.

O meu ponto de vista é, se você observa a maioria das coisas, elas são muito mais complicadas do que uma simples medição e mesmo assim nós temos uma tendência a tentar reduzi-las a isso.

Michael Bush

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